Com toda a conversa que existe sobre a marca Alpine voltar ao mercado, uma ideia que a Petrocilious teve, foi desenterrar um pouco a história da mítica marca francesa.
A origem da Alpine leva-nos a inicio da década de 50, quando um dos mais novos vendedores da Renault, Jean Rédelé, decidiu melhorar a performance do seu humilde Renault 4CV. Para quem não sabe, o 4CV tinha um motor bastante anémico (na versão de 747 de cilindrada tinha 17 cavalos), pelo que qualquer melhoramento da performance era bem vindo. E foi ai por onde começou, mas não  acabou. Jean Rédelé acabou também por substituir a caixa de 3 velocidades que vinha de fábrica por uma customizada de 5 velociades e trocou os paineis do carro feitos em chapa, por uns feitos em alumínio. Com essas alterações, conseguiu obter algum sucesso em provas no circuito de Le Mans e de Sebring. À medida que a sua reputação como tuner e pequeno construtor cresceu, também cresceu a procura pelo seu trabalho, originando assim a fundação da Société Anonyme des Automobiles Alpine – ou simplesmente Alpine- em 1954. A origem deste nome remota ao antigo nome do rallie Coupe des Alpes, que originialmente se chamava Alpine Rally.

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Em 1955, a Alpine lançou o seu primeiro com o seu nome, o A106. Desenhado por um dos mais prolíficos designers automóveis do seculo XX, Giovanni Michelotti. Usando mais uma vez a mecânica do 4CV, o pequeno coupé tinha paineis de fibra de vidro, em cima de um chassi próprio, desenhado pela Alpine, que de igual modo à Lotus, mais tarde se tornou numa imagem de marca.

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Pelo ano de 1962, a Alpine desfrutava de uma relação de benefício mútuo com a Renault. Motores, caixas de velocidade e outros tipos de ajuda eram dados à Alpine, e em troca a Renault recebia publicidade através das vitórias que a Alpine acumulava nas competições. Esse ano ainda foi marcado pelo lançamento do R8 por parte da Renault. A Alpine não desaproveitou esse lançamento, e aproveitou o conjunto propulsor para o introduzir no lendário A110. Pelo ano de 1968, com o domínio do A110 nas competições motorizadas, a Renault alocou todos os seus fundos destinados às competições, à Alpine.
O último ano do A110 foi 1971. Mas foi uma despedida de campeão. Ganhou o rallie de Monte Carlo, ocupando os 3 primeiros lugares, um feito que alguns especulam que fez com que a Lancia seguisse a formula da Alpine e criasse o seu próprio pequeno coupé de tracção traseira, chamado Stratos.

O A110 foi depois substituído pelo A310. Não tão bonito quando o seu predecessor, tinha um aspecto que reflectia o design automóvel nos anos 70, e que também chamava a atenção por ser assemelhar a uma interpretação própria da Alpine de um Chevrolet Camaro. Podia ser coincidência, mas o lançamento de um bloco de 2700 cc v6, deixa a suspeita que era o que se pretendia fazer. Este motor foi oferecido desde 1976 até ao final da produção do A310.
Devido ao carro ter uma distribuição de peso desigual em que a maior parte do peso estava na parte de trás  e ao numero de cilindros idêntico a um Porsche 911 começou a ser  referido na imprensa como um concorrente ao lugar do 911 no mundo automóvel.

 

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Em 1986 foi apresentado o GTA. Com um estilo que gritava anos 80, incluia paineis de plástico polyster e fibra de vidro. No inicio, o GTA foi comercializado com o V6 do A310, que já não era recente. No entanto a Alpine passado algum tempo, deu-lhe uma volta e decidiu aplicar um turbo compressor, trazendo o carro para territórios ocupados por super carros a nível de performance. Era um carro estonteantemente bonito, muito angular com uma baixa instância, largo e comprido. Tudo aquilo que um super carro deve ser. Cinco anos depois foi lançada uma versão actualizada do GTA, chamado  A610. Este tinha um chassis revisto e um conjunto de melhorias, que incluíam farois pop-up. Foi no entanto o ultimo Alpine fabricado. Por 1996, a Renault decidiu acabar com a produção dos Alpines, e nunca mais retomou a sua produção.

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No entanto a Renault não deixar de marcar a sua presença nas competições do mundo automóvel. Em 1976, a Renault criou uma marca à parte que nos é muito familiar. A RenaultSport. Combinando a Alpine e um tuner chamado Gordini, criou uma marca que nos continua a acompanhar até aos dias de hoje. O seu espaço continua a ser o mesmo ocupado pela Alpine em 1976, em Dieppe, sendo que até ao fim da marca Alpine as duas marcas ocupavam o mesmo espaço. Carros como R5 Turbo e Clio v6 são grandes carros que saíram desta localização sobre a marca RenaultSport. Outros nomes como Clio Williams, RenaultSport Spider, versões de rallie, e RenaultSport Megane e Clio – classificadas como das melhores versões desportivas dentro do seu segmento – também fazem parte do leque de veículos que continuam a sair pelas portas da fabrica de Dieppe todos os dias.
Os rumores continuam a indicar que o relançamento da Alpine continua em cima da mesa, talvez com um carro de motor central, baseado no GT-R da Nissan. Nós só perguntamos, porquê a demora?