Carros franceses… Há quem os adore, quem os deteste e quem não os compreenda… Normalmente associados a carros mais enfadonhos e sem grande “alma”, estes carros não são tidos como portadores de pedigree desportivo, mas será que é bem assim? Hoje vamos pegar em alguns exemplos que contradizem esse pensamento, e mostrar alguns exemplares dos quais a França e pode orgulhar dizendo que são seus..

Alpine 110
O A110 original, foi produzido entre 1961 e 1977 e tinha motor e tração traseiros, enquanto que este novo modelo, apresentado no Salão de Genebra, tem motor central.

Como é de esperar de um carro desportivo francês (ignore-se o Veyron por agora), esta iteração do A110 é pequena e leve. Adicionam-se 247hp a este pacote e temos melhor relação peso/potência que a do Toyota GT86.

Para melhorar a fotografia, tem um coeficiente de atrito muito baixo graças a alguns truques aerodinâmicos, tal como uma entrada de ar no para-choques frontal, desenhada para facilitar o fluxo de ar por cima dos pneus.

Clio V6

Basta olhar para o estilo mais agressivo, para sabermos que se trata de um Clio especial.

Olhamos para a história da Renault, e podemos identificar vários modelos que foram sujeitos a um programa de treino intensivo e a várias “plásticas”, e o resultado fica evidente ao conduzir estes pretty boys (eu não posso afirmar, infelizmente, mas quem conduziu diz que sim).

Este Clio não engana ninguém, com o V6 montado entre eixos e a tração traseira, a performance é o foco e a praticabilidade foi pela janela fora (não atirem coisas pela janela, é proibido).

Bla bla bla 252cv, bla bla bla 300Nm… Estamos a falar de um hot hatch francês, a performance está lá, mas o importante são as sensações que proporciona, e a atenção que atrai. Muitas e muita. Raro e um clássico instantâneo, que mais podemos pedir.

Bugatti EB110 SS

A Bugatti é alemã, e detida pela Volkswagen! Certo! Mas a sede é em França, just google it. O Super Sport apareceu como melhoramento do EB110 GT, para celebrar, à grande, o 110º aniversário do nascimento do enorme Ettore Bugatti, e este sim é sobre números. Dono de um 3.5L, V12, 60 válvulas, com 4, sim QUATRO turbos, 603cv (inspira), 650Nm (obrigado turbos), 3.2s até aos 100 e 355km/h em sexta a fundo, isto em 1992! E mais não digo!

Renault 5 TURBO

Derivado dos palcos dos rallys da Europa, esta criação francesa tornou-se extremamente rara e cara na mesma proporção.

A base da receita usada neste 5 provavelmente inspirou o Clio V6. Foi usado, em ambos os casos, o layout RMR, ou seja, rear mid-engine, rear-wheel-drive, que na língua de Camões significa que o motor está montado (espremido), na metade traseira do chassi, entre os bancos da frente e o eixo e que transmite a sua força motriz às rodas traseiras.

Nas versões homologadas para rally chegou aos 340cv, e alcançou a vitória do Rally de Monte Carlo em 1981. No entanto, foi depois derrotado pelos implacáveis competidores com tração integral do Grupo B.

Peugeot 205 T16

Por falar em Grupo B, este francês teve de ser produzido em versão de estrada para poder competir. Eram necessários 200 exemplares, no mínimo. Assim sendo, a Peugeot pôs mãos à obra.

O resultado final foi o bloco baseado no 205 diesel, com uma cabeça de 16v, feita a propósito, a transmissão do Citroen SM e, à semelhança de um certo conterrâneo, o motor foi montado na configuração RMR.

Na estrada estavam disponíveis com cerca de 194cv, metade do que encontramos no carro de competição. Poucos foram os que tiveram acesso à versão de estrada, e viram o seu menino dominar os rallys, até o Grupo B acabar tragicamente em 1986.

Existem outros carros franceses de alto nível. Se se lembrarem de algum podem sempre referi-los nos comentários, para todos aumentarmos a nossa cultura automóvel.

Autor: Ruben Durão