O Nissan GT-R, é um dos carros desportivos mais emblemáticos de todos os tempos, amado por tuners, pilotos de corrida e fãs de automóveis no geral, este é sem dúvidas, um modelo que faz virar cabeças.

Sendo o “carro” de performance japonesa, o GT-R era até muito recentemente, tão raro quanto notável, nunca tendo sido fabricado fora do Japão e com Hong Kong, Austrália, Nova Zelândia e mais tarde o Reino Unido, os únicos mercados de exportação.

Apesar disso, tornou-se um elemento lendário da cultura pop, graças ao seu desempenho e aparência, fazendo parte de séries de jogos como o Gran Turismo e até mesmo de series de animação da manga, como é o caso de Initial D.

Fez ainda parte de seis dos filmes da saga Fast and Furious e tem um grande legado nos Estados Unidos, onde até 2008, devido às regras de importação daquele país, era ilegal a sua importação para solo americano.

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O GT-R e a família Skyline que o precederam, são tão lendários quanto o “kaiju” que empresta o seu apelido ao carro, o Godzilla. O Nissan GT-R, é tanto um mito, quanto uma máquina e o principal triturador de pavimentos do Japão, conquistou um nome para si mesmo nas últimas seis décadas, como a última palavra em desempenho incondicional.

Nissan GT-R

Inicio humilde do pós-guerra

O GT-R, pode traçar a sua linhagem desde 1957, numa zona de Tóquio chamada Suginami. Após a Segunda Guerra Mundial, a Companhia de Aeronaves Tachikawa, que havia fabricado aviões de combate para a Força Aérea Imperial do Exército Japonês, foi dissolvida e renomeada para Fuji Precision Industries.

Depois de diversificar para a indústria automóvel, a Fuji produziu carros ao longo dos anos 40, incluindo o Tama totalmente elétrico, antes de sofrer várias mudanças de nome e finalmente, se estabelecer como Prince Motor Company, para homenagear o príncipe Akihito, agora imperador do Japão. A Prince revelaria oficialmente o primeiro modelo Skyline em 1957.

Apesar do nome Skyline ser agora mais conhecido em relação aos carros de performance, o Skyline original, foi construído como sendo um carro de luxo, embora a primeira versão desportiva, o Skyline Sport, tenha sido introduzida no final do ano, embora com números de produção muito mais modestos.

Foi no início dos anos 60, que o Skyline passou a ser associado ao icónico monstro dos filmes, Godzilla, depois de aparecer em vários filmes da Toho / Fuji Media ao longo das primeiras décadas dos anos. Embora o Skyline estivesse a ser “pisado”, em vez de pisar, tudo ia mudar em 1964 quando a Prince, decidiu que estava na hora de colocar um Skyline em pista.

Usando o Skyline anterior como base, a Prince adicionou alguns mods de performance importantes, que incluíram a adição de um motor de seis cilindros em linha com 125cv. Sendo um sucesso instantâneo nas corridas de GT, o recém-intitulado Skyline 2000 GT, foi logo colocado em plena produção no mercado japonês.

Nissan GT-R

Após a tentativa do Japão reconstruir sua economia após a Segunda Guerra Mundial, o governo decidiu consolidar dez dos seus fabricantes automóveis mais bem-sucedidos em três empresas, a fim de fortalecer a indústria automóvel.

A ideia, era eliminar a concorrência no mercado doméstico japonês e em 1966, a Prince foi incorporada à marca Nissan-Datsun, consolidando o futuro do Skyline e preparando o futuro para o que se tornaria um dos veículos de performance mais cobiçados do mundo.

Três anos depois, a primeira versão real de alta performance do Skyline estreou no Tokyo Auto Show: o Nissan Skyline 2000 GT-R. Alimentado por uma versão “desafinada”, do mesmo motor de 2.0 litros do carro de corrida R380 e com uma potência de 160cv, o primeiro GT-R real foi originalmente diponibilizado como uma versão de quatro portas, antes da introdução da versão de duas portas em 1971.

Tal como os carros de corrida de fábrica, o GT-R 2000, foi despojado de todo o peso desnecessário para melhorar o seu desempenho e deu início ao antigo sucesso do automobilismo da Nissan, depois de vencer o JAF Grand Prix de 1969. Infelizmente, assim que as coisas começaram a parecer boas para o GT-R, a Nissan parou este modelo no início dos anos 70 em resposta à crise internacional do petróleo. Um novo GT-R só iria aparecer no mercado, 16 anos depois.

Após o pouco sucesso registado nos anos 70, o GT-R voltou forte nos anos 80, durante a era da “bolha” no Japão. As grandes empresas japonesas, cheias de dinheiro, graças ao aumento dos preços das ações e dos imóveis, foram mais experimentais do que nunca e a Nissan não foi exceção.

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Em 1985, começou a produção daquele que seria o primeiro verdadeiro GT-R moderno, o R31 Skyline, que viu a re-introdução do motor de seis cilindros em linha DOHC, desta vez com um total de 210cv. As respostas ao R31 não foram tão espetaculares quanto a Nissan esperava, mas não só apenas estabeleceu o que seria o formato da família Skyline GT-R, como precedeu diretamente ao R32 em 1989.

Para o R32, a Nissan adotou uma nova abordagem, que incluiu um novo motor. A configuração do DOHC e tração traseira, foram trocadas por um motor de 2.0 litros twin-turbo construído pela ala desportiva da Nissan, a NISMO, capaz de produzir 320cv. O R32 também viu a introdução de tração integral, que tem sido um pilar em todos os modelos Skyline e GT-R desde então.

O apelido de GT-R, era sagrado para a Nissan, tendo sido usado pela última vez no Skyline 2000 GT-R no final dos anos 60 e início dos anos 70. Diz a lenda, que o engenheiro-chefe Shurei Ito, não revelou a ninguém, nem à sua própria equipa, que este carro usaria um distintivo GT-R, até pouco antes da sua estreia. Mas o R32, era sem dúvida um carro realmente merecedor desta identificação.

Com a abordagem de “corrida no domingo, venda na segunda-feira” como base da construção, o sistema de tração integral do R32 GT-R, foi inspirado diretamente no Porsche 959, o carro tecnologicamente mais avançado da época e o primeiro supercarro com tração integral de origem.

Nissan GT-R

Nasce uma lenda

Como o 959, o R32 usava uma embraiagem prodigiosamente complexa para dividir o binário entre a frente e a traseira, com uma configuração com preferencia para tração traseira, para preservar a aderência da frente nas curvas. Um ano após a introdução do R32 Skyline, a Nissan lançou o primeiro GT-R Nismo em 1990, construindo 560 exemplares para o homologar para as corridas do Grupo A.

A lenda do carro estava a começar a formar-se e foi o R32 que cimentou o apelido de ‘Godzilla’ do GT-R. A partir de 1991, a Austrália foi o primeiro mercado de exportação do GT-R e, depois de derrubar o incrível Ford Sierra Cosworth do pódio no Australian Touring Car Championship, a imprensa australiana começou a referir-se a ele como o “Godzilla, o monstro do Japão”.

Em 1993, o lendário carro da Nissan evoluiria para o R33, com algumas actualizações, incluindo uma carroceria um pouco mais agressiva e um pouco mais de potência. Após as corridas de sucesso em Le Mans, uma versão Nismo de 400 cv foi lançada em 1996, antes da substituição do carro em 1998.

O R34, acabou por se tornar, sem dúvida, o Skyline GT-R mais lendário da história. Instantaneamente reconhecível, graças em grande parte às suas participações vários jogos e na saga Fast and Furious, como carro do Brian O’Conner. Este é o modelo que mais facilmente as pessoas identificam onde quer que apareça.

Nissan GT-R

O R34 foi o culminar de mais de uma década de competição, resultando no modelo Skyline mais poderoso e tecnologicamente mais avançado até aquele momento. O seu motor turbo de seis cilindros em linha produzia 280cv, mas empresas como a HKS e a Mine conseguiram extrair mais de 800 cv do motor.

No seu interior, ele integrava um LCD multifunções que exibia dados importantes sobre o motor e a performance. De todos os carros desportivos japoneses, o R34 também foi sem dúvida, um dos mais lendários.

A partir do R32, o Skyline GT-R foi proibido nos Estados Unidos, não devido à velocidade, mas devido aos regulamentos de emissões. Como resultado, a pessoa que fosse importar um, tinha que estar preparado para lidar com todos os tipos de custos, burocracias e documentos, mas mesmo assim, para muitos, o R34 continuava a ser um unicórnio.

No entanto, tendo em conta a lei dos 25 anos de idade do modelo do carro, que existe nos Estados Unidos, desde Janeiro de 2020 já é possível importar alguns das versões do R33. Tudo uma questão de aproveitar os “buracos” que existem nas leis, mas no entanto, podem não conseguir na mesma.

A versão R34, tem um chassi que foi desenvolvido no famoso circuito de Nürburgring Nordschleife na Alemanha. Juntamente com a incrível popularidade e sucesso do motor, o R34 manteve o recorde de carros de produção em Nordschleife até o Porsche 911 Turbo da geração 996, ter quebrado esse record em 2002.

Embora em 2001 já tenha sido apresentado um concept car, o GT-R levaria cinco anos para retornar na configuração actual, o R35. Nessa altura, o GT-R abandonou o apelido Skyline, mas mesmo assim, prestou uma homenagem considerável à sua herança através do seu estilo e atitude.

Nissan GT-R

Um monstro moderno

Com o R35 veio uma grande alteração, o motor. Este tem um motor V6 twin-turbo construído à mão. Com 526 cv, o R35 GT-R é capaz de destruir o tempo dos 0-100km/h em menos de dois segundos e meio, tornando-o um dos carros de aceleração mais rápida do planeta.

Com tecnologia de ponta e ainda com o incrível sistema de tração nas quatro rodas, o atual Nissan GT-R não é apenas poderoso mas também inteligente. Os engenheiros da Nissan continuam ao longo dos anos a actualizar e a refinar ainda mais, de forma a que este modelo mantenha o desempenho nítido. Mesmo quando comparado a uma infinidade de supercarros e hipercarros mais modernos, o GT-R, ainda mostra que é uma escolha fantástica.

Dado que o atual R35 está à venda há quase uma década e com rumores sobre a próxima geração, é esperar para ver qual o próximo grande salto que este modelo vai sofrer.

Muitos sugerem que será híbrido, tendo em conta o mercado atual e futuro. No entanto, uma coisa é certa, o Godzilla retornará e será ainda mais feroz.