Outrora um hatchback desportivo, que fez frente ao Volkswagen Golf R, Renault Mégane RS, Honda Civic Type R e entre outros, o Focus RS, vê em 2020, o seu percurso terminado. Segundo a confirmação dada aos franceses da Caradisiac, a Ford não irá produzir uma versão RS do novo Focus. 

Com as marcas a terem cada vez mais restrições no que toca às emissões de gases poluentes, o desenrolar de projetos desta natureza, vêm as possibilidades de vingar cada vez mais encurtadas. Esta tendência, de acabar com a produção de certos modelos, surge em variados construtores, nas diferentes variantes disponíveis. 

O grupo PSA, admite que os citadinos 108/C1, não têm possibilidade de prosseguir, pois envolveria um investimento demasiado elevado para colocá-los nos limites das emissões. O que rapidamente seria, incapaz de se tornar lucrativo, dado o preço de venda ao público destes modelos. 

Também o grupo Daimler, decidiu manter o smart fortwo, mas apenas com motorização elétrica, para ir de encontro à regulamentação das emissões. Apesar destes re-arranjos, as marcas continuam a ser fustigadas, sendo que até à data, modelos como Peugeot 308 GTI, BMW M3, Audi SQ5, e todas as variantes diesel da Porsche, tiveram a produção afetada ou até mesmo parada, de forma a voltarem adaptadas às novas regras.

Pois agora, do Focus RS fica a história, e bem interessante! O aparecimento do Ford Focus, em 1998, vinha carregado com expetativa, já que tinha a (dura) função, de substituir o bem conhecido modelo Escort, que já contava com mais de 30 anos de bagagem no mercado europeu. 

Pode-se dizer que a expectativa foi cumprida e até mesmo superada, pois em 1999 ganha o prémio de carro do ano na Europa. A esta premissa, aliada aos elogios da imprensa no que toca ao comportamento dinâmico do carro, iniciou-se o projeto do Focus RS.

FORD FOCUS RS MK1 (2002)

Este modelo Focus RS, vinha equipado com uma motorização 2.0 L de 4 cilindros, capaz de produzir 212 cv às 5500 rpm e 310 N.m às 3500 rpm. A potência era transmitida por uma caixa de 5 velocidades às rodas da frente.

De maneira a auxiliar o eixo frontal a colocar os 212 cv no chão, este modelo vinha com um diferencial automático de polarização do binário, de maneira a melhorar a tracção. Da alteração de 70% dos componentes face a um Focus normal, esta era a que mais se destacava.

Esteticamente o Focus RS destacava-se pela sua cor azul, a única disponível para venda, para-choques alargados e as jantes OZ Racing, de 18 polegadas. 

Inicialmente, a Ford tinha pensado em lançar o modelo como “Focus Racing”, mas devido à má imagem associada ao Puma Racing (consultar artigo do Puma), decidiram nomeá-lo Focus RS… Nome que viria a dar para escrever muitas linhas, quer no papel, como na estrada.

FORD FOCUS MK2 (2009)

A segunda versão do Focus RS foi confirmada em 2007, 4 anos após o cessar de produção do primeiro modelo, tendo sido lançada ao público em 2009. Equipado com um motor 2.5 L de 5 cilindros, com 301 cv às 6500 rpm e 440 N.m disponíveis a partir das 2250 rpm, esta geração, tinha mais músculo que a anterior, como se veio a revelar pela sua adoração por parte do mundo automóvel.

Com uma velocidade máxima de 264 km/h, ia dos 0-100 km/h em 5.9 segundos, números aceitáveis nos dias de hoje, mas muito agradáveis há 11 anos.

Apesar de não se comparar ao seu sucessor em atributos de tecnologia, não era sinónimo de falta dela.Com a árdua tarefa de colocar os 301 cv apenas nas rodas da frente, o RS vinha equipado com uma suspensão McPherson que permitia isolar os movimentos e um diferencial auto-blocante. 

Um ano depois, era apresentado o RS 500, com um acréscimo de 45 cv e um tempo dos 0-100 km/h 0.3 segundos mais baixo. Tal como o nome sugere, a produção deste modelo estava limitada às 500 unidades.

FORD FOCUS MK3 (2015)

A versão lançada em 2015, que viria a ser a última, já pouco tinha da receita usada no seu predecessor. Contava com um motor de 2.3 L (que equipava igual o Ford Mustang Ecoboost) com 350 cv às 6000 rpm e 475 N.m de binário, às 3200 rpm. 

Destacava-se agora a tração integral, mas com os modos de condução do “Normal” a “Race”. Pelo meio, se houvesse a necessidade de “brincar” com o RS, havia o “Drift Mode”, aliando o útil ao agradável, com o amolecer da suspensão e uma maior transferência de potência nas rodas posteriores. Com a ajuda do Launch Control, atingia os 100 km/h em 4.7 segundos. 

Se fosse dos que conduz do lado errado da estrada, teria a possibilidade de comprar uma versão especial deste RS.

No Reino Unido, de forma a “comemorar” a boa relação do mercado inglês com os desportivos Ford, foi lançada a versão Heritage, lançada apenas na cor laranja, com um acréscimo de 30 cv e limitada a apenas 50 unidades. 

E agora? Agora, se a escolha for um Focus desportivo, ter-se-á de recorrer ao Focus ST.

Texto de: Paulo Leão (@paulojleao)