A Toyota é a maior fabricante de automóveis do mundo e anunciou recentemente, que irá adotar uma tecnologia pioneira, utilizada pela Tesla, chamada de “Gigacasting“. Este plano faz parte de uma estratégia da fabricante japonesa para melhorar o desempenho e reduzir os custos de futuros veículos elétricos (VEs). No entanto, a Toyota não está sozinha em adoptar este processo de fabrico da Tesla, pois marcas como a Volvo também já revelaram o interesse em utilizar esta tecnologia.

Por isso mesmo, hoje vamos ficar a conhecer o que é a Gigacasting e como esta tecnologia está a revolucionar a maneira como os carros são fabricados.

O que é a gigacasting?

A GigaPress é uma máquina de fundição de alumínio adoptada pela Tesla nas suas fábricas dos EUA, China e Alemanha. As máquinas, do tamanho de uma casa, são capazes de produzir peças de alumínio muito maiores do que qualquer outra usada anteriormente na fabricação de peças de automóveis.

O “giga” no nome é uma referência à convenção da Tesla de chamar suas fábricas de “Gigafactories”. Outros fabricantes de automóveis têm usado o termo “megaprensas”, para designar este tipo de maquinaria.

No seu funcionamento, a prensa recebe um jato de alumínio fundido, onde este é moldado em uma peça única, sendo posteriormente libertado e arrefecido e rapidamente. A Tesla desenvolveu ainda uma liga de alumínio, que permite evitar o tratamento térmico, tradicionalmente usado para aumentar a resistência da peça fundida.

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Quais são os benefícios?

Normalmente, mais de uma centena de peças metálicas estampadas são soldadas juntas para criar a carroceria de um carro. Usando este método, são usadas menos peças, o que representa custos mais baixos e uma linha de produção mais simplificada. Tudo isto, segundo analistas, tem contribuído para a Tesla aumentar a rentabilidade por carro cada carro produzido.

Segundo a Tesla, o uso de um único componente na parte traseira do Model Y, o seu modelo mais vendido, permitiu reduzir os custos relacionados com a produção do carro em 40%. Já no Model 3, ao utilizar uma única peça na parte dianteira e traseira do veículo, a Tesla conseguiu remover 600 robôs da linha de montagem, simplificando assim o processo de montagem e reduzindo ainda, o tempo de produção de cada carro.

Este processo também pode reduzir o peso do veículo, um aspecto importante para os VEs, onde o pacote de baterias sozinho pode pesar mais de 700kg. Além disso, tem o potencial de reduzir o desperdício e as emissões de gases de efeito estufa, emitidas por uma fábrica.

A Toyota afirmou que espera que a utilização da fundição de alumínio elimine dezenas de peças de chapas metálicas da montagem e reduza o desperdício.

Quem fabrica estas máquinas?

A Tesla obtém as suas prensas da IDRA, uma empresa sediada na Itália, que desde 2008, faz parte do grupo chinês LK Industries. Para além da IDRA existem ainda outras empresas a fabricar este tipo de máquinas, onde se incluem o Grupo Bühler na Europa, Ube e Shibaura Machine no Japão, e Yizumi e Haitian na China. Actualmente, o mercado global de fundição de alumínio está avaliado em quase 73 mil milhões de Euros e estima-se que ultrapasse os 126 mil milhões de Euros até 2032, de acordo com uma análise da AlixPartners.

Quem está interessado nesta tecnologia?

Para além da Toyota, a General Motors, a Hyundai Motor e as afiliadas da Geely na China – Volvo Cars, Polestar e Zeekr, já se encontram a utilizar ou a planear utilizar esta tecnologia.

Qual é a desvantagem?

O custo é um dos pontos negativos. A Tesla regista a maioria das suas vendas com apenas dois modelos: o Model 3 e o Model Y. Um alto volume de vendas em apenas duas plataformas torna mais fácil justificar o investimento nesta nova tecnologia de produção. Outras startups de VE também têm essa vantagem.

Para os fabricantes tradicionais, com linhas de produtos mais complexas, a decisão de investir dezenas de milhões de Euros em novas tecnologias de fundição pode ser uma decisão mais difícil de tomar, devido ao investimento necessário.

Do ponto de vista do consumidor final, também existem algumas desvantagens, especialemnte se se virem envolvido em acidentes, pois carros com seções da carroceria fundidas em peças únicas, podem ser mais difíceis ou mais caros de reparar após um acidente. Isto pode aumentar os custos operacionais dos VEs.

Já as seguradoras, face ao custo elevado da reparação destes veículos, poderão classificar como perda total Teslas e outros VEs com baixa quilometragem se eles estiverem envolvidos em acidentes e vejam estas zonas afectadas. O mesmo acontece caso as baterias sejam danificadas durante o acidente, pois muitas vezes, o custo de reparação destes componentes é demasiado alto, ultrapassando mesmo o valor dos carros. Isto fará com que cada vez mais, carros mais recentes sejam enviados para centros de abate devido a danos, que outrora eram considerados de fácil resolução.